Endometriose e contracepção: qual o melhor método para mulheres com a doença?
Postado em: 24/07/2024
Existem anticoncepcionais de várias formas – orais, injetáveis, anéis vaginais e implantes subdérmicos, para citar alguns. É importante mencionar também os dispositivos intrauterinos (DIU) e os contraceptivos de barreira, isto é, camisinhas masculina e feminina e o diafragma.
Todas essas alternativas são utilizadas por quem deseja evitar uma gravidez não planejada. Além dos que foram citados, que são métodos reversíveis de contracepção, existem as técnicas definitivas como a vasectomia e laqueadura tubária.
Não vamos tratar da eficácia dos métodos contraceptivos. Nossa intenção é explicar a relação entre o uso de anticoncepcional e endometriose. Continue a leitura e descubra!
Como os anticoncepcionais agem no corpo da mulher?
Existem várias formas de contracepção, mas vamos agora nos concentrar nos anticoncepcionais hormonais, que interferem de algum modo nas funções reprodutivas femininas para evitar a concepção. Já os métodos de barreira, como a camisinha, impedem que os espermatozoides avancem até o útero e as tubas uterinas, sem afetar o funcionamento do sistema reprodutor da mulher.
Os anticoncepcionais hormonais são compostos por progesterona sintética, portanto, são similares aos hormônios que agem naturalmente no ciclo menstrual. Essas substâncias inibem a liberação dos hormônios folículo-estimulante (FSH) e luteinizante (LH), que desencadeiam a ovulação.
Sendo assim, os fármacos anticoncepcionais têm a função de manter níveis constantes de progesterona, impedindo a ovulação.
É muito importante deixar claro que a anticoncepcional hormonal impede o amadurecimento final do óvulo, e principalmente sua saída do ovário, mas, não evita o consumo natural mensal de óvulos.
O que é endometriose e qual é sua relação com os hormônios?
Endometriose é uma enfermidade que causa inflamação em várias partes da região pélvica, afetando, com mais frequência, tubas uterinas, ovários, bexiga e intestino – muito raramente, também há o acometimento de órgãos extrapélvicos.
Isso acontece porque células do tecido endometrial (que reveste o útero por dentro) se implantam nesses locais extrauterinos e o sistema de defesa do organismo aciona as citocinas pró-inflamatórias para combater o “agente externo”, o tecido que não deveria estar ali.
Além de inflamatória, a endometriose é uma condição crônica e hormônio-dependente. Os implantes de endométrio fora do útero podem responder à ação dos hormônios reprodutivos, principalmente do estrogênio, como acontece dentro do útero.
O estrogênio é o hormônio responsável por estimular a proliferação das células endometriais, deixando o tecido com a espessura adequada para a implantação de um possível embrião. Quando a fecundação não acontece, parte do endométrio se desprende da parede uterina e é expelida como menstruação.
Esse processo de reação aos hormônios, proliferação celular e sangramento ocorre com o tecido endometriótico, provocando a inflamação nos órgãos afetados.
O uso de anticoncepcional para controlar a endometriose: como funciona?
O manejo clínico da endometriose pode envolver o uso de anticoncepcionais orais de progesterona ou combinados, DIU à base de progestágenos e outros medicamentos que levam essa composição. Essas opções são apresentadas quando a paciente não tem planos imediatos de gravidez.
Os anticoncepcionais com progesterona diminuem a ação estrogênica no organismo da mulher. Apesar de os dois hormônios trabalharem juntos na preparação natural do útero para a gravidez, a progesterona exerce um efeito antagônico sobre o estrogênio, contendo a proliferação celular e organizando o tecido endometrial por meio da atividade secretória.
Além disso, os anticoncepcionais inibem a produção de FSH e LH, hormônios que estimulam o desenvolvimento dos folículos ovarianos para a ovulação. Esses folículos quando estão em crescimento iniciam a produção do estrogênio.
Sendo assim, se não há desenvolvimento folicular com o uso de anticoncepcional hormonal, não há aumento na concentração de estrogênio e, por consequência, as lesões de endometriose podem ficar controladas.
Mas cada mulher é única e a solução contraceptiva não deve ser a mesma para todas. É importante buscar orientação de um médico ginecologista para encontrar a opção de contracepção que se encaixe na sua rotina e seja bem aceita pelo seu organismo.
Quando o tratamento medicamentoso falha no controle dos sintomas da endometriose, bem como nos casos com muitas aderências pélvicas, distorção e comprometimento funcional dos órgãos, é recomendada a cirurgia. Em mulheres que desejam engravidar, pode se fazer a preservação da fertilidade antes, por meio do congelamento de óvulos ou embriões.
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